Os pesquisadores concluíram que o uso moderado de telas e a prática de
atividades enriquecedoras entre a família podem contribuir muito para um bom
desenvolvimento emocional das crianças. Mas, além disso, fatores externos, como
disponibilidade de educação de qualidade e acesso a espaços públicos de lazer,
como playgrounds, também influenciam no desenvolvimento dos pequenos.“Não é
de surpreender que as crianças tenham passado mais tempo utilizando telas
durante o período rígido de isolamento, quando os parques foram fechados e
houve falta de cuidados infantis. Também é perfeitamente compreensível que os
pais forneçam esses aparelhos para acalmar a criança. Mas é importante que os
pais recebam apoio para encontrar formas alternativas de se envolver com seus
filhos e tenham acesso a cuidados infantis e educação de qualidade", analisou
Alexandra Hendry, que liderou o estudo.
Uso excessivo de aparelhos eletrônicos
O debate sobre o uso dos aparelhos eletrônicos pelas crianças sempre esteve
presente entre pais, educadores e profissionais da saúde. Segundo a pediatra
Flávia Nassif, do pronto-socorro e da enfermaria do Hospital Sírio Libanês, a
utilização pode ser um bloqueio no desenvolvimento dos pequenos. Quando
usados de forma excessiva, os dispositivos podem: afetar o sono, por causa da
luminosidade que interfere na produção da melatonina; atrapalhar na alimentação
adequada; prejudicar a audição, provocar dor nas costas e nos ombros, em virtude
da permanência em uma mesma posição durante muito tempo; e gerar distúrbios
visuais. Além de diminuir a socialização, aumenta o sedentarismo e a obesidade, já
que as atividades físicas acabam ficando em segundo plano.
A neuropediatra e presidente do Departamento Científico de Desenvolvimento e
Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) Liubiana Arantes de
Araújo, reforça que diversas instituições de saúde, como a própria SBP, divulgam
uma recomendação por faixa etária.
- Crianças de até 2 anos não devem ser expostas a nenhum aparelho, a não ser
para chamadas de vídeos com os familiares, por exemplo. O uso frequente pode
originar um atraso no cérebro, que pode afetar o desenvolvimento da linguagem.
- De 2 a 5 anos, os conteúdos devem ser adequados - como exercícios de
aprendizado e pedagógicos, monitorados pelo adulto -, mas a recomendação é de
até 1 hora por dia.
- De 5 anos ou mais, a orientação é que o contato com os dispositivos seja
limitado a apenas 2 horas por dia. A advertência por assuntos adequados se
mantém e é necessário evitar violência - temática de diversos jogos de videogame
famosos.
“As atividades devem ser sempre com acompanhamento dos pais. Não é
recomendável usar telas nos horários das refeições e antes de dormir, para não
afetar o sono”, recomenda..
fonte:https://revistacrescer.globo.com